[HQ] Marvel Terror - Volume 1

"Foi o mais sanguinolento massacre da cidade de Wisconsin..Um Fato muito impressionante, levando-se em conta que Ed Gein residiu neste estado."
- Dead of Night, Werewolf by Night 1


Marvel Terror - Volume 1
Publicado em: Novembro de 2010
Gênero: Terror
Número de páginas: 148
Formato: (17 x 26 cm)
Colorido/Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 17,90
Mais do que atrasado a postagem não poderia deixar de comentar os encadernados da Panini Comics que me fez acreditar novamente nos lançamentos voltados ao segmento de horror/terror nas bancas. Claro que não desmerecendo a presença da Vertigo - apenas fugindo um pouco da hegemonia.

Em pleno ano de 2010 não deixa de ser uma aposta das empresas investirem em material não digitalizados para divulgação de obras com foco em público tão segmentado que é o público de filmes tipo slashers e VHS like? Certo? Errado!

O público existe e não é difícil de encontrar os reboots e remakers de diversos títulos slashers das décadas de 70 à 90 para as nova audiência, então nada mais natural que um segmento em ascensão em determinado meio/mídia solavanque as dos demais. Marvel Terror faz isso. 

A Primeira edição do encadernado de 148 páginas que reúne 4 histórias( vide abaixo a listagem ) originalmente publicadas sob selo estadounidense MAX da Marvel ( Quando a editora decidiu quebrar a submissão dos trabalhos ao selo da Comics Code Authority, declarando assim que daria mais liberdades aos seus artistas, mas muito se comenta que não é um óbvio movimento para concorrer no mercado com revistas para o público adulto competido pelo selo Vertigo da DC ). Apesar de não ser uma regra, as histórias da MAX podem estar ligadas aos títulos sequenciais da editora, a exemplo do Motoqueiro Fantasma lançado mais a frente. Originalmente planejada para ser lançada no mês de Outubro, a revista acabou atrasada para Novembro, em formato americano (17 x 26), capa cartão lombada quadrada, papel LWC e com distribuição nacional.


Aqui no Brasil o selo era publicada pela própria Panini como Marvel MAX, acabou sendo descontinuada em junto de 2010 e então sendo anunciada que seriam lançadas em especiais, como esta edição a qual falamos.

Apesar da falta de um editorial - o que seria uma excelente oportunidade de contato com o leitor e introdução ao a série Marvel Terror - acabamos sendo jogados direto ao ponto. Há um índice também, os números estão no centro das páginas - com a ressalva por estarem bastante prejudicadas a visualização em páginas de fundo escuro. Felizmente, como é de natureza dos encadernados as histórias procedem por suas capas dando uma noção de rápida consulta para cada capitulo / história a partir da própria lateral ou mesmo rápida consulta; ou seja não é nem mesmo um real problema.

O lobisomem - Está No Sangue.
Roteiro: Duane Swierczynski
Arte: Mico Suayan
Cores: Ian Hannin
Letrista: Donizete Amorim - ‘Don Dutch’
Tradutor: Fernando Bertacchini
Editor original: Joe Quesada, Warren Simons
Publicada originalmente em: Dead of Night: Werewolf By Night (2009) n° 1/2009, n° 2 /2009, n° 3 /2009, n° 4 /2009 - Marvel Comics

A mais longa dentre as histórias e se extendeu por 4 volumes originalmente, aqui segue como a primeira história em sequência. Escrita por Duane Swierczynski, responsável também pela Cable(X-Men),também pela história oneshot de "Force of Nature" para O Justiceiro(Punisher), e ainda os direitos de Severance Package comprados pela Lions Gate para adaptação de filme. 

O traço ficou por conta de Mico Suayan, que também já trabalhou com Duane e Jason Aaron em revistas como a The Immortal Iron Fist e na própria Cavaleiro da Lua(Moon Knight) de onde o personagem principal da primeira história do encadernado Jack Russell( Jacob Russoff ) surgiu como coadjuvante para o herói. Inclusive a nova fase de Cavaleiro da Lua estava sendo públicada nos mix  Marvel Action pela Panini em janeiro de 2007 e descontinuada em outubro de 2009.

(Re)Conta a história de Jack Russell que carrega a cruz e o segredo negro de ser um lobisomem que em noites de lua cheia toma o controle de seu corpo e o faz cometer crimes hediondos. Jack, então futuro pai de família, pretende lutar com todas as forças afim de controlar a besta dentro de si, mas diversos elementos obscuros de seu passado dão sinais de que as cousas não serão tão fáceis assim. 

Não para menos que a história possua uma ritmo de narrativa semelhante a um conto policial, dado a experiência das publicações de Duane como em Secret Dead Man  e o traço de Mico Suayan obviamente já acostumado ao personagem nas hqs do Moon Kinght, o que de vez por outra me lembra aqui e ali o traço estilo IMAGE, um pouco mais "sujo" em alguns momentos e em outros polidos até demais. O gore dão a pitada de seriedade no tom do conto, a relação entre a besta e Russell deveria ter um universo próprio mais significativo, apesar de que em muitos momentos o peso da relação está expressa na forma noir.

Para muitos o estilo de narração que tem "dois pés" no flashbacks, um pé no presente e meio pé na angústia do futuro pode ser moroso demais; mas é vital que os pontos interliguem para compreendemos a extensão do dano na psique de Jack sem a revista se perca só na violência gratuita. Um único ponto negativo que tenho de concordar com alguns leitores críticos é a falta de coesão no aparecimento e morte de alguns coadjuvantes muito rápido sem maiores explicações que os ligariam ao plot principal.   

A narração está de acordo com o proposta por Duane, sem grandes reviravoltas ou inovações, faz o arroz com feijão do terror.

As capas estão estranhamente com os créditos errados, segue aqui a correção:

Capas: Edição 1: Patrick Zircher | Edição 2: Mico Suayan  | Edição 3:  Mico Suayan | Edição 4: Rafael Grampá.

Garota do Interior - Um Conto do Lobisomem
Roteiro: Mike Carey
Desenho: Greg Land
Arte-Final: Jay Leisten
Cores: Justin Ponsor
Letrista: Donizete Amorim - ‘Don Dutch’
Tradutor: Fernando Bertacchini
Editor original: Joe Quesada, John Barber
Publicada originalmente em Legion of Monsters: Werewolf By Night (2007) n° 1/2007 - Marvel Comics

Escrita por Mike Carey que dentre outros trabalho está o indicado à Eisner o Lucifer (publicado no Brasil pela Brainstore) e outras trabalhos fora do eixo com bandas de metal como Pantera e uma biografia em forma de HQ do Ozzy Osbourne. Aqui um conto de treze páginas em um ritmo acelerado, sobre a jovem Rhona, uma jovem licantropa - de toda uma família - que optou por uma vida isolada e de contenção a sua natureza. Não o suficiente viver em um estado de eterna negação, Rhona, ainda tem de lidar com o preconceito violento da cidade com ares de racismo - típicos de um pensamento provincial e atrasado. Este por sua vez ilustrados pelo polêmico Greg Land ( Birds of Prey, Quarteto Fantástico ) que por vezes dá razão aos seus detratores com certas expressões faciais esquisitas para o momento - a exemplo de Rhona cercada no meio do bar.

- Spoilers -

Pela natureza rápida do conto, fica algo meio incomodo como a personagem vai do ponto A de total introspecção a "aceito minha natureza" na garupa de um lobisomem desconhecido. Será que não é o famigerado sentimento de familiaridade entre a raça dos licantropos ? infelizmente a história era curta demais para explicar esse aspecto. E qualquer crítica nesse sentido seria fruto de especulação.

  
Amor Fúnebre
Roteiro e Arte: Ted McKeever 
Cores: Chris Chuckry
Letrista: Donizete Amorim - ‘Don Dutch’
Tradutor: Fernando Bertacchini
Editor original: Joe Quesada, John Barber
Publicada originalmente em Legion of Monsters Man-Thing n° 1/2007 - Marvel Comics

Sabe a grata surpresa independente ? É essa! E como dizeres acertados do subtítulo: "Uma história de Simon Garth: O Zumbi". Conta a história de Simon, obviamente, um zumbi que é retirado dos escombros de uma explosão. Até então o traço de  Ted McKeever já dá o tom de um mundo "torto" e caricato. Mas ao invés de desbocar no estranho e animalesco/carnavalesco semiótico, o roteiro imprimi os dois pés na crônica com marcas já estabelecidas por este artista com renome e experiência - vide a série Eddy Current, um humor negro e ácido com a poesia intrínseca e honesta sem forçar a barra ou parece sintética demais. Ted McKeever nós deu um brinde de treze páginas com um maldito sabor de quero mais. 

A história serve como uma introdução do personagem aos moldes que faziam com personagens desconhecidos ao público em títulos já estabelecidos. Mas como Simon não é um herói tradicional, ou não tem necessidades de tal, focado em público adulto seria um excelente personagem para as mais diversas histórias sem sequências muito longas.

Para ser um monstro
Roteiro e Arte: Skottie Young
Letrista: Donizete Amorim - ‘Don Dutch’
Tradutor: Fernando Bertacchini
Editor original: Joe Quesada, John Barber
Publicada originalmente em Legion of Monsters: Werewolf By Night (2007) n° 1/2007 - Marvel Comics

Outro conto na linha Universal Monsters, apoderando-se do plot de Frankstein ( Mary Shelley ) para passar um outro conceito poetizado. Ou seja um conto-conceito. Talvez um protótipo, ou um ensaio para a criação de uma obra realmente autoral. Tanto que Skottie Young consegue alcançar nas treze páginas da HQ uma estrutura hermética suficiente para alcançar os pontos chaves da história e passar isso ao leitor. Claro que o tema poderia ter sido explorado mais amplamente se fosse uma história mais longa e nos fazer mais simpatizados com o monstro em si ou ojeriza suficiente.

O traço de Skottie Young já é conhecido por ser mais infantil e puxado para o cômico, como foi e deveria ser em obras como série The Wonderful Wizard of Oz - Marvel Classics com textos de Frank Baum, mas ele fez um honesto esforço rumo ao terror e o resultado foi um  bastante comportada e polida - apesar de aparente briga de sombras e siluetas.

No geral o conto parece mais um spinoff de Van Helsing aos olhos dos monstros, ou uma  crônica dos assuntos internos da Igreja Católica medieval.  Um plot twist e uma conclusão na sintonia do conto anterior, ou seja seguiu o ritmo no editorial.


Considerações Finais
Capa por Rafael Grampá

Problemas apresentados são da natureza do próprio desafio aos encadernados, como histórias seguintes dedicando quadros e páginas a recapitulação da história anterior: obviamente por que originalmente foram publicadas separadas é plausível que tenha uma pequena recapitulação orientando o leitor que por ventura tenha saltado um número; Porém mesmo isso é algo quase imperceptível e em alguns dos volumes nem mesmo se faz presença. Ou seja não é um REAL problema, apenas um detalhe.

A tradução fora por completa feita por Fernando Bertacchini integrante da Mythos Editora que também foi editor das revistas e volta do Conan as bancas. Sem dúvida um excelente trabalho já que não forçou nem uma maneirismo de linguagem afim de adaptar-se a "nova" audiência. Deixando ainda mais próximo do português direto dos 80's.

Um outro detalhe que vale ressaltar é que no quarto número da revista publicada no Estados Unidos foi a capa criada por Rafael Grampá, desenhista prêmiado com Eisner pela HQ: Mesmo Delivery. Muitos queriam que essa fosse a capa principal do encadernado na edição brasileira - que acabou sendo escolhida a da própria primeira edição desenhada por Patrick Zircher; mas ela está presente sim dentro da revista junto com as demais capas separando - como dito anteriormente - as edições dentro da própria revista - e estranhamente os créditos das capas estão erradas(?) - corrigindo-as coloquei-as acima de acordo com o site CBR. Infelizmente a capa traseira da HQ recebeu as duas criaturas mais famosas - ala Universal Monsters - mercia a adição do personagem Simon Garth, com certeza.

O preço de capa R$ 17,90 o que dá por volta de R$ 4,48 (arredondado para cima) por história - sendo que a primeira corresponde a 93 páginas, e 13 cada uma das outras restantes. O que é um pouco acima do poder aquisitivo brasileiro médio de HQs, mas justo próximo ao cobrado no preço americano.

Links:


Comentários

Postagens mais visitadas